terça-feira, 16 de abril de 2013

Qualidade!






Você já notou que às vezes somos incoerentes diante de pequenos problemas e lúcidos diante de grandes?




 Nossas mudanças intelectuais não são promovidas pelo tamanho dos problemas externos,  mas pela abertura ou fechamento das áreas de leituras da memória. Pequenos problemas, como um olhar de desprezo ou a imagem de uma barata, podem gerar uma crise de ansiedade a qual fecha áreas nobres da memória e impede, obstrui a inteligência. Em alguns casos, o volume de ansiedade ou sofrimento pode ser tão grande que você reage sem nenhuma lucidez. Toda vez que tiver uma experiência que gera alta carga emocional ansiosa você tem de atuar. Olhe as palavras de Augusto Cury: "Certa vez, presenciei um pai e um filho adolescente brigarem fisicamente na minha frente por um problema tolo, o motivo externo era pequeno, mas ele acionava as imagens monstruosas que um tinha do outro e que geravam grave intolerância e crise de ansiedade". 
Nunca se esqueça de que você deve ser o autor da sua história!
 
Gerencie seus pensamentos, administre sua emoção, duvide da sua incapacidade, questione sua fragilidade, veja as coisas por múltiplos ângulos, ver outras possibilidades...
 Se não proteger a memória, não há como ter qualidade de vida.


 Uma crítica mal trabalhada pode romper uma amizade. Uma discriminação sofrida pode encarcerar uma vida. Uma decepção afetiva pode gerar intensa insegurança. Uma falha pública pode gerar bloqueio intelectual, as brincadeiras em que certos alunos são chamados por apelidos pejorativos podem gerar graves conflitos.

Lixo? Não!



Diariamente nós plantamos flores ou acumulamos lixo nos solos da nossa memória. Você tem plantado flores no secreto do seu ser ou acumulado entulhos?


Infelizmente, por desconhecermos os papéis da memória, não sabemos trabalhar o mais complexo solo da nossa personalidade. Tornamo-nos péssimos agricultores da nossa mente. Quanto mais tentarmos rejeitar uma pessoa que nos perturbou,  uma perda,  uma separação, uma rejeição social, um trauma, uma dor, uma palavra ouvida, comentários maldosos, um bulim, mais isso será registrado, será lido e construirá milhares de pensamentos e um pensamento gera outros pensamentos...

 A melhor maneira de filtrar os estímulos estressantes não é tendo raiva, ódio, rejeitando-os ou reclamando deles, mas entendendo-os, criticando-os, enxergando-os multifocalmente, ou seja, por outros ângulose usando-os como oportunidade  para  crescer e  crescer  sempre (pois não  devemos  ser  daqueles  que retrocedem) e ainda  determinando não ser escravo deles.

MUC e ME



Onde as experiências são registradas? Primeiramente, na MUC (Memória de Uso Contínuo), que é a memória utilizada nas atividades diárias, a memória consciente. 
As experiências tensas são registradas no centro consciente e, a partir daí, serão lidas continuamente. Com o passar do tempo, à medida que não são utilizadas com freqüência,  vão sendo deslocadas para a parte periférica da memória,  chamada de ME (MemóriaExistencial). 

Veja dois exemplos:
* Alguém acabou de elogiá-lo. Você registra na MUC. Leu diversas vezes esse elogio. No dia seguinte, você não o lerá tanto. Na semana seguinte, é provável que já não o leia mais. Entretanto, esse elogio não foi apagado,  foi para o território inconsciente, para a ME. Continuará influenciando a sua personalidade, porém com menor intensidade. 
* Você acabou de dar uma conferência e perdeu o raciocínio no meio da preleção. Não conseguiu falar o que queria, estava nervoso. As pessoas perceberam sua insegurança. Você registrou essa experiência na MUC. 
Se você conseguiu filtrá-la,  através de criticá-la e compreendê-la,  ela foi registrada sem grande intensidade. Mas se não conseguiu proteger sua memória,  ela foi registrada intensamente. Nesse caso, será lida com freqüência,  produzirá milhares de pensamentos angustiantes,  que serão registrados, gerando uma zona de conflito, um trauma. Assim, ela não irá para a ME,  ficará plantada na MUC como janela doentia. 


Trabalhe os papéis da memória para não formar zonas de conflitos.  A emoção não apenas determina a qualidadedo registro das experiências, mas também o grau de abertura da memória. Emoções tensas podem fechar a área de leitura da memória (Janela), fazendo-nos reagir sem inteligência,  por instinto. 
Em alguns momentos, entramos em janelas belíssimas e produzimos pensamentos que cultivam belas emoções, em outros,  entramos em janelas
doentias que promovem tormentos, angústias e desolações.

Voluntário OU involuntário



O registro na memória é involuntário.
Certa vez, um professor foi ofendido por um aluno. Sentiu que fora tratado desumana e injustamente. Queria excluir o aluno da sua vida. Fez um esforço enorme. Mas quanto mais tentava esquecê-lo, mais pensava nele.  Ao  vê-lo,  sentia raiva. 
Por  que  não  conseguia  esquecê-lo?  
Porque o registro é automático, não depende da vontade humana. 

Nos computadores, o registro depende de um comando do usuário. No ser humano, o registro é involuntário, realizado pelo fenômeno RAM (registro automático da memória). Cada idéia, pensamento, reação ansiosa, momento de solidão, período de insegurança é registrado em sua memória e fará parte da colcha de retalhos da sua história existencial, do filme da sua vida.

Posso deletar????



 Nossos erros históricos relativos à memória parecem coisa de ficção. Há milênios atribuímos à memória funções que ela não tem. Há graves erros no entendimento da memória tanto na psicologia como na educação. A ciência desvendou pouco os principais papéis da memória. A teoria da Inteligência multifocal vem contribuir humildemente para corrigir algumas importantes distorções nessa área fundamental...
Milhões de professores no mundo estão usando a memória inadequadamente.  
O registro da memória depende da vontade humana? Muitos cientistas pensam que sim. Mas estão errados. O registro é automático e involuntário. A memória humana pode ser deletada como a dos computadores? Milhões de usuários dessas máquinas crêem que sim, mas é impossível deletá-la, pois Nos computadores, a tarefa mais simples é deletar ou apagar as informações. No homem, ela é impossível, a não ser por lesões cerebrais, como um tumor, um trauma crânio-encefálico ou por degeneração celular (alzheimer).
 Você pode tentar com todas as suas forças apagar seus conflitos, pode tentar com toda as suas habilidades destruir as pessoas que o machucaram, bem como os momentos mais difíceis de sua vida, mas não conseguirá. 
Há duas maneiras de resolvermos nossosconflitos, traumas, transtornos psíquicos: 
1- Reeditar O filme do inconsciente; 
2- Construir janelas paralelas às janelas doentias da memória.  Precisamos compreender os papéis básicos da memória para encontrar ferramentas para poder expandir nossa inteligência, enriquecer nossas relações e reconstruir a educação.